Quando se assinala pela primeira vez o Dia do Mirandês, a segunda língua oficial existente em Portugal perde força nas aldeias que a preservaram, em grande parte pela desertificação humana das terras transmontanas.
O investigador Amadeu Ferreira diz que nos últimos 50 anos, quando a população começou a emigrar, o mirandês perdeu metade dos seus falantes, que são agora apenas sete a oito mil.
Paradela, a localidade mais oriental de Portugal, situada a escassos três de quilómetros de Espanha, é um exemplo da redução de falantes do mirandês.
Na aldeia situada em pleno Parque Natural do Douro Internacional e com pouco mais de 80 casas habitadas por cerca de 200 pessoas é a população mais que idosa se encarrega de mater viva a língua e cultura mirandesas.
Ali, onde o rio Douro entra em território nacional, as tradições do passado estão presentes. Porém a imigração e a procura de melhores condições de vida levou muitos habitantes para outros pontos do país e do mundo.
“Antigamente como não havia rádio nem televisão, o mirandês era mais falado e pouco influenciado pelo português. Agora já poucos falam o mirandês, a não ser os mais velhos”, observou Augusto Preto, 79 anos.
Para o ancião, o mirandês começa a “fundir-se com o português”, o que por vezes tira “pureza” à língua materna.
Aurora Sebastião, por seu lado, recorda que quando era criança “o mirandês era a língua da família”.
“Em nossa casa falávamos mirandês à mesa, ou ao serão, era a língua utilizada em conversas de família”, recorda a septuagenária.
Para preservar o futuro da língua mirandesa, a aldeã, aposta no ensino e em “mais professores para ensinar o mirandês nas escolas”.
Na aldeia de Paradela é comum, por vezes, ouvirem-se três línguas em simultâneo: o português, mirandês e espanhol devido a proximidade com povoações castelhanas.
Segundo alguns investigadores contactados pela agência Lusa, os sete a oito mil falantes de mirandês estão repartidos por aldeias dos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso.
Se a este número forem acrescentados os mirandesas na diáspora, o número de falantes deverá subir para próximo dos 12 mil.
O mirandês é falado numa área geográfica de cerca de 500 quilómetros quadrados.
Falado numa área de 500 quilómetros quadrados junto à raia nordestina, o mirandês é, segundo alguns estudos divulgados, uma língua “ameaçada de extinção”.
(de la SIC, 17-09-2010)
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