A secretaria de Estado da Cultura (SEC) vai apoiar o processo de digitalização global dos arquivos do Centro de Música Tradicional Sons da Terra (CMTST), disse hoje à Lusa fonte do gabinete de Francisco José Viegas.
O projeto tem como principal condição a salvaguarda e disponibilização dos registos documentais e fonográficos das tradições orais portuguesas e do património cultural imaterial do CMTST, tratando-se de uma operação de “enorme valor cultural e patrimonial”.
“O trabalho implica a digitalização, serialização e classificação, sendo encarado como um grande desafio, numa altura em que alguns organismos locais viraram costas ao nosso projeto. Agora, todo o trabalho teve o seu início e está a ser apoiado pela SEC, para depois ser colocado à disposição dos investigadores”, disse o diretor do CMTST, Mário Correia.
O projeto de digitalização dos arquivos fonográficos envolve a passagem para suportes digitais avançados, proporcionando assim a sua disponibilização a estudiosos, investigadores, músicos e demais interessados, e ainda a futura expedição de cópias para arquivos universitários, de forma a integrarem espólios documentais do património cultural imaterial português de entidades de “elevada “relevância cultural de âmbito nacional”.
Os materiais a digitalizar passam pelos Arquivos da Música Regional Portugueses (cassetes analógicas: 36 – duração total: 39 horas), Arquivos Sons da Terra (unidades de registo: 138 – duração total: 108 horas), Arquivos fonográficos do Nordeste Transmontano (cassetes analógicas: 42 – duração total: 40) e Arquivos Sonoros Mirandeses (bobines de fita magnética: nove – duração total: 06 horas e mais 43 cassetes analógicas, com a duração total de 33 horas).
O valor total do projeto ronda os 28.480 euros, estando dividido em três fases, destinando-se o apoio da SEC ao pagamento da última, no montante de 18.080 euros.
As restantes duas fases, além da disponibilização dos equipamentos utilizados no processo de digitalização do acervo cultural, são asseguradas pela Sons da Terra.
Todo o processo deverá ficar concluído dentro de 18 meses.
A primeira fase está destinada à passagem, em tempo real, para registo digital e realização de cópias de segurança dos arquivos originais, sem qualquer tratamento sonoro.
A segunda fase dos trabalhos vai incidir na audição e tratamento sonoro (com edição final) dos registos digitalizados em bruto durante a primeira fase do processo.
Por fim, a terceira fase dos trabalhos será destinada à realização de cópias finais do trabalho digitalizado e tratado, iniciativa a ser executada em estúdio.
No final do processo serão efetuadas quatro cópias, destinadas à Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro e Museu da Música, cabendo a outra a uma instituição que se dedique a investigação da língua mirandesa, mas que ainda não foi criada, apesar de anunciada há já vários meses.
A este projeto junta-se um outro que passa pela “remodelação integral” do imóvel que alberga o CMTST e todo o seu espólio, propriedade da Freguesia de Sendim, vila transmontana onde o centro está sedeado.
“A junta de freguesia de Sendim apresentou uma candidatura ao programa PRODER, que visa a reestruturação do centro, o que vai implicar uma paragem de atividades da unidade cultural que ronda os cinco meses”, concluiu Mário Correia.
(de SAPO Notícias, 24-01-2012)
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