VALTER HUGO MÃE
A morte de Amadeu Ferreira não desampara a terna causa das terras de Miranda mas está como um vazio ao centro de todas as coisas. Por isso mesmo, frequentemente as conversas começam ou seguem com os seus livros, citações que se fazem para que ele ainda seja um interlocutor, cuidadoso guardador da cultura daquelas montanhas e um dos seus mais aturados definidores. Assim, quero também começar por citar o belíssimo Velheç/Velhice, último livro de Amadeu Ferreira, madura forma de ver o mundo: “Apenas há uma maneira de deixar de andar à volta: sair daqui./ Solo hai ua maneira de deixar d’andar al redror: salir deiqui.”
Falar de uma língua astur-mirandesa (desse grande espetro leonês) é dado a todo o tipo de paternalismos, uma espécie de tom piedoso pode sentir-se nas melhores intenções. No entanto, é certo que as línguas não importam pela quantidade de gente que as fala, importam pelo brio com que descortinam ideias e sentimentos, o modo como enriquecem quem as entende, porque o tamanho das expressões parece muito simbolizar o tamanho das gentes. Assim, manter o mirandês, e desde logo saber e estudar a irmandade com o asturiano, poderá urgir para não se perder um determinado universo mental.
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