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Posts Tagged ‘Amadeu Ferreira’

LUÍSA PINTO

‘O domingo amanheceu com um sol tímido, a permitir uma bonança que a trovoada da madrugada quase espantou. E, seja sábado ou domingo, Inverno ou Verão, os dias de Domingos Manuel Alves, começam quase sempre da mesma maneira. Cedo, com o sol, porta fora, a caminhar pelo planalto. “Toda a vida fui pastor”, diz ele, com 84 anos, bata vestida por cima da roupa, a esconder um eventual fato domingueiro. Talvez não o use, até porque nem sabe se neste domingo há ou não missa na aldeia de Malhadas. “O padre vai a muitas aldeias, não vem cá todos os domingos. Só há missa quando ouvimos o sino a tocar.”

Domingos toda a vida foi pastor, mas já não tem gado para pastar. Mesmo assim, quer que os dias se mantenham iguais. E quando o dia nasce, é preciso pôr os animais cá fora. Agora não tem vacas, mas tem duas burras, a Andorinha, de 11 anos, e a Marta, de quase um. Os burros sempre o ajudaram a lavrar os campos. “Agora já não fazem nada”, revela. Ou fazem muito – afinal, fazem-lhe companhia nestes passeios matinais.

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CARINA ALVES

Alfredo Cameirão é o presidente da Associaçon de Lhéngua I Cultura Mirandesa desde 2016. É professor de Espanhol no Agrupamento de Escolas de Mogadouro, tem 55 anos e é natural da aldeia de São Pedro da Silva, no concelho de Miranda do Douro. O presidente da associação não tem dúvidas de que é preciso cumprir várias medidas para não deixar que a língua morra. A ratificação da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias por parte do Estado Português, a criação de uma unidade orgânica para traçar estratégias de defesa e fazer da língua, em termos escolares, uma disciplina curricular são as grandes estratégias para a manter uma realidade.

A Associaçon de Lhéngua I Cultura Mirandesa é, hoje, a grande defensora da língua mirandesa. Nestes anos, em termos de trabalho, o que é que já fez a associação e o que tem feito para preservar a língua?

A associação foi criada em Lisboa, por alguns mirandeses na diáspora, e, entretanto, em 2015, entendeu-se que seria melhor passar a sua sede e o essencial dos seus trabalhos para Miranda do Douro. Desde logo, alguns cursos foram dados, em Lisboa, de Língua e Cultura Mirandesa, que juntaram alguns desses portugueses e permitiram que algumas pessoas começassem a escrever em mirandês, nomeadamente em alguns jornais regionais de Bragança. Depois, quando passou cá para cima, coincidindo com a morte do nosso fundador e alma mater, Amadeu Ferreira, começámos a trabalhar e a pôr algumas coisas no terreno. Neste momento, temos um protocolo com a Câmara Municipal de Miranda do Douro, em que nos responsabilizamos por fazer todos os trabalhos que estejam relacionados a língua e que a câmara nos peça, nomeadamente traduções. Também damos cursos on-line e temos um projecto de recolha de testemunhos junto das nossas bibliotecas vivas, que estão a arder, que são os nossos idosos, sobre os saberes, tradições e modo de vida da Terra de Miranda nas últimas dezenas de anos.

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‘Há muitas diferenças entre a língua “fidalga”, o português, e a «língua das aldeias e dos homens do campo», o mirandês. Desde há 25 anos que o mirandês é reconhecido como segunda língua oficial em Portugal, mas mesmo que se escreva de maneira diferente, dois anos é muito tempo em qualquer língua. É por isso que o presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), Alfredo Cameirão, não percebe porque é que a Assembleia da República está a demorar todo esse tempo a ratificar a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias do Conselho da Europa, que o Ministério da Cultura anunciou ter assinado a 7 de Setembro de 2021.

Houve unanimidade e aclamação há 25 anos, quando foi criado o mirandês, houve palmas e regozijo há dois, quando o Governo disse que assinou a Carta. Mas até agora a necessária ratificação no Parlamento tem sido adiada. «Tanta unanimidade e apoio e no final andam todos esquecidos», ironiza Alfredo Cameirão.

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Numa pequena sala da Casa de Trás-os-Montes em Lisboa, funciona à segunda-feira e em horário pós-laboral uma aula de língua mirandesa, onde até um aluno francês de Erasmus já se inscreveu para aprender esta língua falada no nordeste transmontano.

Antes de dar início a mais uma aula, António Cangueiro, professor de mirandês, falou à Lusa sobre este seu percurso, que começou ainda com o escritor, professor universitário, estudioso e divulgador da língua mirandesa Amadeu Ferreira, que instituiu o curso em Lisboa há dez anos.

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A língua mirandesa faz parte do quotidiano de Ana, agora no 11.º ano, que garante que, em casa, só fala mirandês e o mesmo acontece com amigos e vizinhos, na aldeia de Malhadas, situada a cerca de seis quilómetros de Miranda do Douro.

“O português só entrou na minha vida quando entrei para a escola primária e comecei a estudar. Até aqui só falava mesmo mirandês”, disse à Lusa a jovem numa conversa tida exclusivamente em mirandês.

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Iniciativa pol Asturianu dio na presentación del proyectu poéticu-musical “Aire, fuego y deseo” (n’asturianu “Aire, fueu y deséu”), tornáu a toles llingües ibériques y al ladinu (sefardí), el títulu d’embaxador de la llingua asturiana al escritor Juan Carlos García Hoyuelos. L’actu foi una amesta ente un recital de los autores que fixeron les tornes al asturianu, asina como de voluntarios que quixeron compartir col públicu los poemes del llibru, el visionáu d’estremaos videoclips y un conciertu de Toli Morilla.

La entidá sofitó dende l’entamu esti proyectu qu’entiende como un acercamientu ente toles llingües ibériques y que, sobremanera, ye una bona noticia pa la fastera de fala asturllionesa, territoriu que necesita de axuntar fuercies y texer llazos p’algamar una presencia del idioma muncho meyor fuera d’Asturies.

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GORETI PERA

‘Buonos dies, porsor’, ouve-se à chegada de Emílio Martins à Escola Básica de Palaçoulo. Aqui, todos os alunos aderem à disciplina opcional que, mais do que pô-los a falar Mirandês no dia a dia, os faz compreender que “são detentores de uma cultura diferente” e que “são oriundos de uma terra com características peculiares”.

“O objetivo das aulas de Mirandês e fazer com que os miúdos compreendam que possuímos uma identidade própria que vem de há várias gerações e que temos algo que mais ninguém tem. As crianças reconhecem-no e dizem frequentemente: ‘É assim que fala o meu avô’”, contou ao Notícias ao Minuto Emílio Martins, docente da disciplina há nove anos e um dos cerca de oito mil falantes da segunda língua oficial de Portugal.

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“O Lodo e as Estrelas”, inicialmente publicado em 1960, é agora reeditado, em co-edição com a Câmara Municipal de Miranda do Douro, numa versão bilingue, “O Lodo e as Estrelas” (L Lhodo i las Streilhas), sendo a tradução para mirandês da autoria de Fracisco Niebro, pseudónimo de Amadeu Ferreira. A reedição foi apresentada no passado dia 15 de Julho no Salão Nobre da autarquia de Miranda do Douro.

Nas palavras de Amadeu Ferreira, redigidas em 2010, a obra “é um testemunho extraordinário que fala da língua mirandesa, da maneira como os barragistas faziam troça dos palhantros e da manifestação que os mirandeses, roubados no que era seu, fizeram em Vila Chã a gritar Num queremos acá la Barraige.”

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VALTER HUGO MÃE

A morte de Amadeu Ferreira não desampara a terna causa das terras de Miranda mas está como um vazio ao centro de todas as coisas. Por isso mesmo, frequentemente as conversas começam ou seguem com os seus livros, citações que se fazem para que ele ainda seja um interlocutor, cuidadoso guardador da cultura daquelas montanhas e um dos seus mais aturados definidores. Assim, quero também começar por citar o belíssimo Velheç/Velhice, último livro de Amadeu Ferreira, madura forma de ver o mundo: “Apenas há uma maneira de deixar de andar à volta: sair daqui./ Solo hai ua maneira de deixar d’andar al redror: salir deiqui.”

Falar de uma língua astur-mirandesa (desse grande espetro leonês) é dado a todo o tipo de paternalismos, uma espécie de tom piedoso pode sentir-se nas melhores intenções. No entanto, é certo que as línguas não importam pela quantidade de gente que as fala, importam pelo brio com que descortinam ideias e sentimentos, o modo como enriquecem quem as entende, porque o tamanho das expressões parece muito simbolizar o tamanho das gentes. Assim, manter o mirandês, e desde logo saber e estudar a irmandade com o asturiano, poderá urgir para não se perder um determinado universo mental.

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Esti pasáu fin de selmana, los díes 17, 18 y 19 de xunu, tuvieron llugar en Miranda de l Douro les II Jornadas de Língua e Cultura Mirandesas”Amadeu Ferreira” nes que la conexón de la Tierra de Miranda con Asturies foi la exa principal y onde’l Dominiu Llingüísticu Ástur tuvo un papel cimeru.

La Cámara Municipal de Miranda de l Douro y l’Associação de Lhéngua i Cultura Mirandesa entamaron esti alcuentru añal al rodiu del mirandés y que fai homenax a la figura del recién desapaecíu Amadeu Ferreira, gran defensor y divulgador del mesmu. Dientro de les actividaes de les xornaes, y como resultáu del protocolu que se robló l’añu pasáu ente la Cámara Municipal de Miranda de l Douro, l’Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa y l’Academia de la Llingua Asturiana, presentóse’l videu L’asturianu, una llingua milenaria, nel que se fala de la historia de la llingua asturiana, sofitándose n’entrevistes a especialistes de la materia. Nél faise un percorríu dende los oríxenes del asturianu hasta’l momentu de güei. Les pallabres del alcalde mirandés alredor de la llingua ya identidá de la Tierra de Miranda y de les rellaciones con Asturies y cola ALLA zarren esti documental.

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