Manuela Barros Ferreira nasceu em Braga em 1938, onde recebeu o nome de Manuela Alexandra Queiroz de Barros Ferreira. Começou a falar na ilha de São Miguel, aprendeu a ler em Cabeceiras de Basto e a contar em Guimarães, leu o primeiro livro em Beja, descobriu a neve em Vila Real e a amizade em Mirandela.
No Porto andou em Arquitetura e Pintura e ali conheceu o amor, a prisão da PIDE e os ideais que se tornaram a sua estrela polar. Quando estalou a guerra colonial (1961), o marido recusou-se a ir matar. Com ele e mais cinco companheiros, fugiu, grávida, para Marrocos, onde foram ambos desenhadores de Urbanismo. O casal seguiu para a Roménia com uma filha. Durante onze anos foram, sob pseudónimo, locutores da Rádio Bucareste. Tiveram outra filha e deram apoio a estudantes chegados da África e América Latina. Depois de recuperado o verdadeiro nome, Manuela formou-se em Filologia Românica. Em 1973 regressou a Portugal, foi novamente presa, desta vez em Caxias, e libertada sob caução. Foi admitida como bolseira de investigação no Centro de Estudos Filológicos, ligado à Universidade de Lisboa. O marido, Cláudio Torres, regressou a Portugal logo após o 25 de Abril.
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